quarta-feira, 21 de abril de 2010

ESCOLA REMINGTON DE DATILOGRAFIA


Anúncio da Escola Remington.
Professora Zely Guedes Ximenes e alunos de olhos vendados em um exame prático de datilografia.
Revista A Novidade nr. 15 - 1940.




Professora Zely Guedes Ximenes.
Foto: Almanack de Sergipe - 1926 p. 267.
In: MENDONÇA, Jouberto Uchoa e SILVA, Maria Lúcia Marques Cruz. Caminhos da Capital:150 motivos para viver as ruas de Aracaju. Aracaju:UNIT,2007 270p.




Anúncio da Organização Remington Official.
Diretora de Ensino Professora Zely Guedes Ximenes.
Sergipe Jornal nr. 1.262 - 14/01/1926.





Anúncio da Casa Pratt - Rio de Janeiro.
Destaque para Fontes Irmãos & Cia.
Representante em Sergipe das Máquinas de Datilografar Remington.
Sergipe Jornal nr. 2.371 - 07/01/1930.






Local onde funcionou a Escola Remington de Datilografia.
Rua Itabaiana - Atualmente funciona um estacionamento.
Foto: José de Oliveira B. Filho.







A primeira máquina de datilografar que realmente funcionava foi fabricada em 1867, nos Estados Unidos, pelo Tipógrafo Christopher Latham Sholes (1819-1890). Um segundo modelo, mais rápido que o primeiro, foi patentado por ele em 1868. James Densmore, um comerciante, gostou da invenção e comprou a patente de Sholes em 1872. Com a máquina na mão, James Densmore propôs a Philo Remington, Presidente de uma Fábrica de Armas, a produção em larga escala da máquina de datilografar. Em 1873 Surgiu a famosa máquina de datilografar Remington.

Na década de vinte, em Aracaju, uma Escola de Datilografia, a Escola Remington, foi inaugurada sob a direção da competente Professora Zely Guedes Ximenes, a qual ensinou a várias gerações de jovens que necessitavam da arte da Datilografia para se inserirem no mercado de trabalho. Nessa época e nas décadas seguintes, antes do surgimento do computador, a Datilografia era requisito básico para a obtenção de um emprego em escritórios, bancos, concursos, etc.
A respeito dessa Escola, Jouberto Uchoa de Mendonça e Maria Lúcia Marques Cruz e Silva, no livro Caminhos da Capital: 150 motivos para viver as ruas de Aracaju. Aracaju:UNIT, 2007, comentam:

"A Professora de Datilografia Zely Guedes Ximenes nasceu na cidade de São Fidélis-RJ no dia 3 de novembro de 1896. Filha de Adélia Dutra Guedes e Antonio José Guedes. Ao lado do seu esposo Antonio Alves Ximenes, instalou a Escola Remington de Aracaju no dia 23/06/1923, na rua Capela a qual foi transferida para a Avenida Ivo do Prado, 74 e posteriormente para a rua Itabaiana, 56. A Escola era uma organização integrada por Mister Dalle, que tinha sede no Rio de Janeiro e ainda em outras localidades com seus respectivos representantes..."
"A primeira turma diplomada ingressou em 22/06/1924. O casal Ximenes manteve o curso de Datilografia, complementado pelos cursos de Português e Taquigrafia por mais de 30 anos. Professora Zely faleceu no dia 04/08/1976 em Aracaju."


Conheci a Professora Zely Guedes Ximenes e o seu esposo, Antonio Alves Ximenes, o qual chamávamos de "Seu Ximenes". Com ele tive algumas aulas de Datilografia, nas antigas máquinas de escrever Remington.
A casa na Rua Itabaiana, onde estava instalada a Escola de Datilografia, servia também de residência para Dona Zely e Seu Ximenes. Era uma casa comprida, com vários quartos, uma sala grande com um piano, um quintal com mangueiras e um viveiro com periquitos australianos. A Escola ficava situada em uma sala à esquerda de quem entrava na casa. Era composta de um quadro negro, uma escrivaninha e várias mesas, nas quais ficavam as máquinas de datilografar. Infelizmente a casa não existe mais. Tempos após o falecimento de "Seu Ximenes" foi vendida e posteriormente demolida. Atualmente funciona no local um estacionamento.
A Professora Zely Guedes Ximenes foi homenageada com uma rua que leva o seu nome no Bairro Aeroporto. Lei de Criação nr. 189 de 22/08/1986.

José de Oliveira B. Filho

sexta-feira, 2 de abril de 2010

A QUARESMA EM ARACAJU

A palavra Quaresma vem do Latim "Quadragésima", e é o período de quarenta dias que antecedem a Festa Maior do Cristianismo: A Ressureição de Jesus Cristo, comemorada no Domingo de Páscoa. A Quaresma tem o seu início na Quarta-feira de Cinzas e o término na Quinta-feira Santa com a Celebração que representa a última Ceia de Jesus Cristo com os Apóstolos. É um período de Penitência, Meditação e Oração.
O Memorialista Murillo Melins em seu livro Aracaju Romântica que vi e vivi Anos 40 e 50, nos conta um pouco de como era a Quaresma em Aracaju, nestas décadas:
"A partir da quinta-feira, estando os Santos nas igrejas cobertos com panos roxos ou pretos, começava a Via Sacra, simbolizando as estações que Jesus percorreu em seu calvário, solenidade melancólica, acompanhada por cânticos tristes, quando os fiéis contritos rezavam, muitos arrependidos pelos excessos cometidos no carnaval.
Os quarenta dias que se seguiam eram de reflexões, meditações, jejuns e penitências. Muitas pessoas se cobriam de luto, pagando promessas. Na programação das rádios e serviços de alto-falantes, eram tocadas músicas clássicas, valsas ou orquestradas.
O clima de religiosidade alcançava seu ápice na Semana Santa, começando no domingo pela manhã com a Missa de Ramos.
Na quarta-feira, em preparação para os dias maiores, fechava-se o "balaio". Havia trégua nas rusgas entre famílias. Era comum ouvir-se entre pais, filhos ou irmãos:"Depois que a aleluia romper nós acertaremos as contas".
Na Quinta-feira Maior, alguns atos religiosos eram celebrados nas igrejas das paróquias. Ainda pela madrugada, havia a procissão do fogaréu, durante a qual os católicso portando velas acesas, penitenciavam-se. Na parte da tarde, tinha lugar a cerimônia do lava-pés, simbolizando a humildade de Jesus e, em seguida, a procissão do encontro entre Jesus e Maria, durante o qual era ouvido um sermão comovente, proferido pelo pároco, que orava de um púlpito, instalado para aquela ocasião na calçada do casarão dos Cardoso.
Na Sexta-feira da Paixão, a cidade amanhecia em silêncio. Os sinos não badalavam. Apenas os rários tocavam músicas sacras ou clássicas. Desde cedo, os mendigos, com enormes mochilas de pano, a tiracolo, ou carregando bocapios, louvavam o nome de Jesus, de porta em porta, recebendo dos sensibilizados moradores, o pão, farinha, ou o bacalhau. Os afilhados se dirigiam às casas dos seus padrinhos, para de joelhos pedirem a bênção, sendo muitas vezes, eram agraciados com alguns tostões. À tarde, as matracas com seus tristes sons, anunciavam o início da procissão do Senhor Morto, durante a qual fazia-se ouvir o canto melancólico da Verônica, exibindo o retrato de Jesus. À noite, as igrejas recebiam os fiéis, para a vigília ao Senhor Crucificado. Nos cinemas eram exibidos filmes religiosos....
No sábado, a aleluia rompia na parte da manhã, sob o repicar dos sinos, o espocar dos foguetes seguido da gritaria dos meninos batendo com as pedras nos postes de ferro dos bondes, ou em latas...."
Ainda segundo Murillo Melins, "A quaresma encerrava com uma animada micareme na Praça do Povo, e com bailes em todos os clubes da cidade."